Voltará para a análise do Senado a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 17/2019,
que fixa competência privativa da União para organizar e fiscalizar a
proteção e o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais.
A proposta torna a proteção de dados pessoais um direito fundamental e
abrange questões diretamente ligadas ao comércio e à inovação, bem como à
proteção da privacidade dos cidadãos.
A pauta chegou a ser apresentada e aprovada no Senado em 2019, mas a
Câmara dos Deputados aprovou o texto com mudanças, alterações que
fizeram a matéria voltar para a análise dos senadores. O relator do
texto na comissão especial criada para analisar o tema, deputado federal
Orlando Silva (PCdoB-SP), explicou as modificações.
“O texto que veio do Senado era bem simples, incluía a proteção de
dados pessoais junto com o sigilo de correspondência. Mas o debate feito
na Câmara nos levou a convicção de que mereceria ter um inciso próprio
no artigo quinto e ficar distinto como uma garantia fundamental”,
disse.

Uma das principais mudanças que seriam feitas pelo substitutivo foi
retirada do texto durante a votação, por um destaque apresentado pelo
partido Novo. O trecho retirado previa a criação de um órgão regulador
na forma de uma entidade independente, integrante da administração
pública federal indireta e submetida a regime autárquico especial.
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Segurança jurídica
O País já conta com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD),
que tem como órgão fiscalizador a Autoridade Nacional de Proteção de
Dados (ANPD). A PEC vem somar à lei, visto que as legislações estaduais
sobre o tema são fonte de insegurança jurídica e de confusão na
transferência nacional e internacional de dados.
Esse impasse entre os estados na legislação ampla sobre o tema acaba
dificultando a certificação internacional, o que também dificulta ou
mesmo impede o livre comércio de dados dentro do País.
O deputado Orlando Silva destacou a importância de fixar a
competência à União, visto que o ideal seria uma regulação universal.
“Não sendo possível, que ao menos a proteção dos dados pessoais seja
única no País inteiro. Por isso a competência normativa exclusiva da
União, o que vai ampliar a segurança jurídica”, afirmou.
Segundo a mestre em Direito Civil e sócia da área de contratos e head
de privacidade e proteção de dados do Albuquerque Melo Advogados,
Thaissa Garcia, a PEC é assertiva, especialmente porque a proteção de
dados é uma exigência do mercado mundial. “As interações existem entre
os países e também é exigido que haja um nível de segurança entre esses
países no momento de troca. Então, isso coloca o Brasil em um patamar de
segurança importante”, ressaltou.
O tema é prioritário e, segundo o deputado, a expectativa é de que a
tramitação seja breve no Senado, mantendo o texto votado na Câmara dos
Deputados.
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