O
Rio Grande do Sul conseguiu reduzir em quase 300 dias o prazo médio
para emissão de licenças ambientais nos últimos dois anos. É o que
aponta a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Até 2019, o
estado figurava entre as unidades da federação que mais demoravam para
autorizar novos empreendimentos.
De acordo com a plataforma “Painel do Licenciamento Ambiental do Brasil”,
da empresa de consultoria WayCarbon, o Rio Grande do Sul levava, em
média, 379 dias, ou seja, mais de um ano, para emitir licenças
ambientais. No entanto, a Fepam afirma que o prazo caiu para cerca de 82
dias. Marjorie Kauffmann, presidente da fundação, explica o que o
estado fez para melhorar o desempenho.
“Trabalhamos com diversas ações de gestão para tentar reduzir esse
tempo. Nos últimos dois anos os processos entram de forma mais adequada,
porque eles obedecem o nosso sistema online de licenciamento com termos
de referência atualizados. Hoje, se nós formos avaliar no mês de
agosto, a média está em 82 dias para os processos que entraram nos
últimos dois anos. Nós consideramos isso um tempo razoável e ele é o
somatório de todos os procedimentos”, explica.
Licenciamento Ambiental
O levantamento da WayCarbon, de 2019, aponta que a média brasileira
para obtenção de uma licença ambiental, à época, era de 208 dias. Este
ano, o governo Bolsonaro incluiu a discussão em torno de um novo marco
legal para o licenciamento ambiental entre as prioridades da agenda
legislativa. Em maio, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei
3.729/2004, que cria a Lei Geral do Licenciamento Ambiental.
A proposta é cercada de polêmicas, pois envolve temas como proteção
ambiental e desenvolvimento econômico. O texto visa, entre outros
pontos, simplificar e dar mais rapidez aos processos licenciatórios no
Brasil, padronizando regras a nível federal, estadual e municipal. O PL,
agora, está com o Senado, onde as Comissões de Agricultura e Reforma
Agrária (CRA) e de Meio Ambiente (CMA) o debatem.
O senador Acir Gurgacz (PDT-RO), presidente da CRA, afirma que o país
precisa “aperfeiçoar, sem afrouxar as regras”, o que pode contribuir
para o desenvolvimento nacional. “Vamos priorizar a discussão em torno
do novo marco legal para o licenciamento ambiental, que é um tema muito
ligado à agricultura, ao meio-ambiente, à geração de emprego e renda no
nosso país.”
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Progresso
Quem é favorável à proposta alega que a morosidade e burocracia do
licenciamento ambiental por parte de estados e municípios geram
insegurança jurídica e atrasam obras de infraestrutura, por exemplo. O
presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade,
diz porquê é favorável ao projeto de lei.
"A proposta em debate simplifica o processo para empreendimentos de
baixo impacto ambiental (saneamento básico, manutenção em estradas e
portos e distribuição de energia elétrica de baixa tensão) e esclarece
quais são as atribuições precisas de cada um dos órgãos envolvidos no
licenciamento. Determinando regras objetivas, a nova lei proporcionará
mais segurança jurídica às empresas."
No Rio Grande do Sul, a Fepam conta com o apoio de uma série de
municípios habilitados para emissão de licenças ambientais. A cada mês,
cerca de 500 a 600 processos têm início na fundação. Kauffmann afirma
que no início da gestão havia 4,200 processos em tramitação. Hoje, são
3.052. “Nós estamos conseguindo melhorar os nossos tempos e baixar o
passivo”, comemora.
Ela garante que não há obras “emblemáticas” ou "prioritárias no setor
de infraestrutura” paradas à espera de licenciamento. Para a
presidente da Fepam, o equilíbrio é a solução para o dilema aparente que
envolve proteção ambiental e progresso.
“Nós não podemos pensar que as pessoas queiram se desenvolver à base
da destruição ambiental. Temos que ter esse alinhamento e,
principalmente, o planejamento. No Rio Grande do Sul houve a junção da
Secretaria de Minas e Energia e a Secretaria de Meio Ambiente criando a
Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura. Esse é um case de sucesso,
em que se planeja o desenvolvimento do estado com elemento o ambiental
projetado desde o princípio”, avalia.
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